terça-feira, 23 de junho de 2015

Reflorestamentos.

Carvoaria da Saint Gobain, na beira da estrada entre Sousa e Bom Jardim de Minas MG.

MADEIRA EM BOM JARDIM.

O desenvolvimento econômico de Bom Jardim deslanchou nos últimos dez anos, com a chegada das madeireiras. Tudo gente grande, Saint Gobain, MRS, Votorantim. As terras eram baratas, compraram quase tudo, reflorestaram com eucalipto ou pinus. O eucalipto se destina a gerar bioenergia. É transformado em carvão em carvoarias artesanais – passei ao lado de uma – ou industriais, como a da Saint Gobain na beira da estrada a 15Km da cidade.
Eles chamam de colheita aos serviços de derrubada da árvore e transporte do tronco até a indústria, seja a fábrica de celulose, a carvoaria ou a de móveis. Num dia de colheita intensa, em que as enormes carretas estão transportando a madeira pelas estradas, é melhor ficar longe. É o pior dos mundos para o andarilho. E creio que também para os moradores locais que nada têm a ver com o negócio. O caminhão enorme toma toda a estrada roncando alto e levantando uma nuvem de poeira. É uma temeridade para quem circula em seus ínfimos carrinhos.
Quem me informou essas notas foi o funcionário da área de logística da Saint Gobain, que me deu carona até Bom Jardim. Eu havia caminhado 50Km desde Santana do Garambéu. Escurecia e ainda faltavam duas horas para eu chegar à cidade. Mas já estava cogitando percorrer os 10Km no escuro, pois não encontrava bom terreno para acampar. Eu subia e descia e, a margear a estrada, sempre o mesmo descampado de agreste e irregular pastagem natural. Ele parou sem que eu pedisse. Disse que já havia me encontrado ou ultrapassado várias vezes durante o dia, enquanto trabalhava nas viaturas. Eu aceitei, apesar da determinação que fizera lá em Piedade. Nunca matei ninguém...

LIBERDADE, MG.

Liberdade, 5 mil habitantes, distribui-se por dois morros, como dois seios. Uma igreja em cada cume, ambas igualmente imponentes. Mas a zona sensível da cidade está lá embaixo, onde passa a MG. A rodovia vicinal transforma-se em rua do comércio principal e as igrejas ficam lá em cima, mal rodeadas de residências. E eu, pouco esperto e descansado, porque caminhara apenas 22 Km, escalei os dois montes antes de descobrir que o que me interessava estava lá embaixo: a zona comercial e seu hotel e restaurante e padaria.

O Hotel Central foi o de melhor padrão que usei durante toda a viagem. Mas não o mais caro. 50 reais, o mesmo que paguei nas pousadas simples de Santo Antônio do Rio Grande e Mirantão. A dona é mulher de fazendeiro. Não precisa muito da renda do negócio. É uma mineira de pouco mais de 30 anos, lá de perto da nascente do rio, me informou. Gosta do serviço, disse-me que hóspede seu não sai sem café da manhã – não importa a hora -, quando lhe informei que sairia bem cedo no outro dia e pedi o horário em que começaria a ser servido. Seu bolo de fubá e seu pão de queijo fazem jus à fama da terra. Não sei seu nome, não perguntei, esse meu defeito de ligar pouco para as individualidades alheias. É uma contradição, porque muito me interessa os mundos alheios.

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