CAPETINGA FICA PERTO. A LÍNGUA.
É que
Capetinga fica ao lado, é município vizinho. Na região, todo mundo tem o
sotaque e o vocabulário do Nérso da Capitinga. Dizem que o comediante é baiano,
mas deve ter copiado o sotaque dessa região. Mais estranho é ver as mulheres
falando daquele jeito. É uma mistura de português arcaico com economia
fonética, como a troca do b pelo v, do r pelo l, como pomal para pomar e
laranjar para laranjal; é uma tendência a abreviar as proparoxítonas, como corgo
para córrego, arve para árvore, bebo para bêbado, setmo para sétimo, sabdo para
sábado; é a mais deslavada economia, como cê para você e a eliminação dos
plurais. E é a revolução linguística da simplificação verbal: por ex., o verbo
comer, no presente do indicativo, tem apenas uma forma: “come”. Nóis come (para
eu como), tu come, ele come, nois come, vóis come, eles come. O verbo fazer:
nóis faiz, tu faiz, ele faiz, nóis faiz, vóis faiz, eles faiz.
Vista do alto da serra entre Claraval e Ibiraci. Cafezal na encosta do morro. |
BAIANOS
COLHEM CAFÉ EM IBIRACI.
Por isso não
achei vaga no hotel barato da cidade. Eles vêm, ficam de maio a setembro,
trabalham na colheita do café, depois acaba o serviço. Aí são obrigados a
voltar pra Bahia. Retornam ano seguinte. Alguns ficam presos ao fazendeiro, por
dívidas, e têm de trabalhar a safra inteira na mesma fazenda, não podem escolher outro que paga mais. Muitos moram em
casas antes abandonadas. Ganham por
tarefa. Por isso trabalham como loucos. Têm de ganhar em 4 meses o que comem em
doze. R$8,00 por balaio de 70 litros de café colhido. Escravos.
Estendem um
pano sob o pé de café e com as mãos ou varas, derrubam sobre ele os grãos. Recolhem
o pano, retiram as impurezas como folhas e galhos secos, e despejam num saco de
estopa ou algodão os grãos limpos. Ao final do dia, o fazendeiro passa com a
carreta e o balaio, para recolher o
produto e medir a produtividade de cada trabalhador. Os sacos são despejados
nos balaios e deles para dentro da carreta graneleira.
A maior
parte da produção é colhida por máquinas. Os trabalhadores são necessários
apenas para colher nos pés onde a colhedeira não pode ir, como aqueles
plantados em terrenos muito íngremes, nas encostas dos morros, ou onde não há
espaço de manobra.
Os grãos que
caem antes da colheita são colhidos pela chamada barreção (do verbo “barrer”,
aquilo que se faz com a bassoura, seu Vurro!). No café, ou se faz com o rastelo
e a peneira ou com máquinas. Há uma máquina que vai assoprando os grãos para o
meio da rua e outra que vai sugando.
Ibiraci, a
800m de altitude em planaltos ondulados de terra massapé, entremeados de
pirambeiras e algumas serras, é terra boa pra café. Mas no boteco, ele é
amarelo de fraco.(PENSANDO BEM, ACHO QUE O NÉRSO COLHEU CAFÉ EM IBIRACI).
Boa noite meu amigo e irmão.
ResponderExcluirSó a título de curiosidade e conhecimento, essa região de Ibiracy (com Y mesmo) do antigo dicionário Tupi-guarany, foi colonizada por imigrantes espanhóis lá pelos anos de 1600 e poucos e 1700. E o verbo BARRER é espanhol e não português. Como os ibiracyenses são descendentes de espanhóis, nada mais justo do que conjugarem alguns verbos na própria língua de Vossas Famílias. Exemplo é a nossa que BARRE a mais de 300 anos por essas bandas. Grande abraço e fica com DIOS.
Grande abraço, meu caro Anônimo.
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