sexta-feira, 19 de junho de 2015

O som das estradas do sul de Minas.

CASCATA & SERIEMA.


E galinha d’Angola & cachorro & Ganso. E o silêncio feliz dos canários da terra.


E araras e maritacas e anuns.

Uma orquestra acompanha o andarilho, pelas estradas ermas em meio a pastos para o gado. Animais vigilantes, o cachorro dispensa apresentação. Muito raro encontrar só um cachorro em cada casa. É barulhento e agressivo, assim como o ganso - raro na região. A seriema anuncia o andarilho ao longe, da colina oposta. Quem não conhece o canto da seriema, é só ouvir a introdução acordeônica do Mário Zan na guarânia Seriema do Mato Grosso. Só que ela não trabalha para ninguém, ela trabalha para os da sua espécie, ao contrário do cachorro. Os bandos de galinhas d’Angola são comuns em seus voos longos e fortes gritos coletivos de tô fraco. Os anuns são insinuantes e impertinentes e anunciam o estrangeiro como se estivessem zombando dele em seus imperfeitos trinados guturais. Os anuns são insolentes, sempre achei. As maritacas andam em nuvem e são exageradas e escandalosas. E venais. E as araras poucas que sobram não estremecem ninguém, mas grasnam. E se o vento assobia canção variada e agradável, os rios cantam diuturnamente a mesma e enfadonha nota nas corredeiras de montanha abaixo. Gralhas não vi. Mas vi muitos canários-da-terra, que estão sempre em silêncio, a confirmar a afirmação de que passarinho em gaiola canta de tristeza. 

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