domingo, 21 de junho de 2015

OS RIOS E OS HUMANOS

O DESTINO DE RIOS E HOMENS.

Rio Grande próximo a Itutinga MG


O destino dos rios se assemelha ao destino dos homens. O Rio Sapucaí abriga quase metade do Mar de Minas, mas apenas um protagonista é lembrado nessa obra: o Rio Grande. Ali naquele pequeno mundo montanhoso do sul de Minas eles nascem todos irmãos vizinhos, mas depois crescem e cada um vai prum lado. O Rio São Francisco nasce a 40 Km da margem do Rio Grande, quando este já é um moço forte. Só que enquanto o primeiro vai para o nordeste, o segundo vai para o lado oposto. Aliás, - quem disse que os rios não são solidários entre si – o Rio Grande ajuda com uma aguinha a meninice do São Francisco. Com a mão do homem, mas ajuda. São as águas do Piumhi, que desaguavam no Grande e agora deságuam no São Francisco. Graças aos diques de Capitólio, construídos por Furnas, para não deixar as duas bacias se intercomunicarem.
Sendo que o Rio Grande teve seu destino mudado de repente, em sua adolescência. Também ia para o nordeste, quando, em Piedade, deu uma guinada de 135º e foi para oeste. Depois, lá longe, na velhice, como se sabe,  se acabou na Argentina, com outro nome, tamanha as atribulações porque passou na vida...
Há a história de quatro irmãos e um primo ali da região. O Rio do Peixe e o Preto e o Verde e o Aiuruoca. Mais o primo Rio Pomba. Nascem na mesma casa, o primo nasce próximo. O Peixe e o Preto vão para leste, para o Paraíba, morrem no norte do Rio de Janeiro. O Verde e o Aiuruoca caminham juntos a vida inteira e, por fim, garantem a vida pacata entregando-se à chefia do Rio Grande. O Pomba também prefere o Paraíba. 
Para aqueles que se juntam ao Rio Grande, rumo ao oeste, a coisa realmente engrossa quando encontram o rival Paranaíba, de outra família tão poderosa quanto e de costumes tão diferentes... Que, enfim, pacificadas, tomam o rumo do interior do continente e resolvem se aventurar pelo exterior. Levam de roldão, como companheiros inexperientes, o Tietê e o Paranapanema e o Iguaçu e o Paraguai e vão, outra vez, lá no fim da vida, serem capazes do atrevimento de formar outro mar doce, aquele que banha Buenos Aires. O destino dos homens escorre para o lado mais baixo, segue ao sabor da topografia. (e, ainda, como os humanos, os rios podem nascer legítimos ou ilegítimos, como é o caso do Rio São Francisco, abordado em “Fozes e Nascentes”, a ser publicado).

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