O DESTINO DE RIOS E HOMENS.
Rio Grande próximo a Itutinga MG |
O destino dos rios se assemelha ao destino dos homens.
O Rio Sapucaí abriga quase metade do Mar de Minas, mas apenas um protagonista é
lembrado nessa obra: o Rio Grande. Ali naquele pequeno mundo montanhoso do sul
de Minas eles nascem todos irmãos vizinhos, mas depois crescem e cada um vai
prum lado. O Rio São Francisco nasce a 40 Km da margem do Rio Grande, quando
este já é um moço forte. Só que enquanto o primeiro vai para o nordeste, o
segundo vai para o lado oposto. Aliás, - quem disse que os rios não são
solidários entre si – o Rio Grande ajuda com uma aguinha a meninice do São
Francisco. Com a mão do homem, mas ajuda. São as águas do Piumhi, que
desaguavam no Grande e agora deságuam no São Francisco. Graças aos diques de
Capitólio, construídos por Furnas, para não deixar as duas bacias se
intercomunicarem.
Sendo que o Rio Grande teve seu destino mudado de repente, em
sua adolescência. Também ia para o nordeste, quando, em Piedade, deu uma
guinada de 135º e foi para oeste. Depois, lá longe, na velhice, como se
sabe, se acabou na Argentina, com outro
nome, tamanha as atribulações porque passou na vida...
Há a história de quatro irmãos e um primo
ali da região. O Rio do Peixe e o Preto e o Verde e o Aiuruoca. Mais o primo
Rio Pomba. Nascem na mesma casa, o primo nasce próximo. O Peixe e o Preto vão
para leste, para o Paraíba, morrem no norte do Rio de Janeiro. O Verde e o
Aiuruoca caminham juntos a vida inteira e, por fim, garantem a vida pacata
entregando-se à chefia do Rio Grande. O Pomba também prefere o Paraíba.
Para aqueles que se juntam ao Rio Grande, rumo ao oeste, a coisa realmente engrossa quando encontram o
rival Paranaíba, de outra família tão poderosa quanto e de costumes tão diferentes... Que, enfim, pacificadas, tomam o rumo do interior do continente e resolvem se aventurar pelo exterior. Levam de roldão, como companheiros inexperientes, o Tietê e o Paranapanema e
o Iguaçu e o Paraguai e vão, outra vez, lá no fim da vida, serem capazes do
atrevimento de formar outro mar doce, aquele que banha Buenos Aires. O destino
dos homens escorre para o lado mais baixo, segue ao sabor da topografia. (e,
ainda, como os humanos, os rios podem nascer legítimos ou ilegítimos, como é o
caso do Rio São Francisco, abordado em “Fozes e Nascentes”, a ser publicado).
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