sexta-feira, 12 de junho de 2015

AO SUL DO RIO GRANDE, TODO MUNDO É PAULISTA. Alimentação típica do andarilho. O Rio e a Aldeia.

AJUSTAR A DIVISA SP/MG
Aqui, no caso, SP seria a oeste (esquerda). O Rio em Piedade, quase no final do primeiro trecho, em que ele corre no sentido sul-norte.

Se eu fosse mais pernóstico bairrista chauvinista, reivindicaria todo o território ao sul do Rio Grande para São Paulo. Até a nascente, lá perto de Resende, Rio de Janeiro. (e se isso tivesse qualquer importância, eis que no Brasil a Federação é apenas teórica, não tem sentido prático. Ex.: os estudantes de Mirantão MG estudam em Visconde de Mauá RJ, sem qualquer burocracia). Tive essa ideia quando estava caminhando entre São João Batista do Glória e a MG-050, ao norte do rio, nas bordas da Serra da Canastra, onde nasce o São Francisco. Eu olhava para a outra margem do rio, e não me acostumava com a ideia de que lá ainda era Minas e não São Paulo. Porque, para mim, do noroeste paulista, Rio Grande é sinônimo de divisa entre SP e MG. E aquele povo todo falando mais caipira que os mais legítimos caipiras de Tietê e Piracicaba? O sul de Minas é paulista. Na hora do vamovê, da precisão, todos correm pra São Paulo e não pra Belo Horizonte. E veja se a soma de palmeirenses, santistas, corintianos e sãopaulinos não é maior que a de atleticanos e cruzeirenses e americanos. No mínimo, essa nova disposição territorial restabeleceria a política do café com leite. Pois do jeito atual, Minas está com o café e com o leite.

A ALIMENTAÇÃO TÍPICA DO ANDARILHO.

Nunca tive a paciência de calcular quantas calorias se gasta pra caminhar 50 Km num dia, carregando 12 Kg nas costas, subindo e descendo morros. Mas sei bem o quê e quanto se precisa comer para não faltar nem sobrar (eis que entrei e saí com o mesmo peso dessa empreitada). Pela manhã, um copo grande de leite com café quente e dois pães com manteiga. Ao longo do dia, 3 sanduíches de mortadela, levados para comer no caminho – comendo e andando, bem distribuídos no período. Ao final do dia, comida caseira completa, arroz, feijão, etc. Em algumas situações, isso se invertia. Almoço completo e sanduíches no jantar, especialmente quando ia dormir na barraca. E água a toda hora. Cerca de 4 litros por dia, variando conforme o calor e a sudorese. Quando tinha oportunidade, comprava alguma banana pra comer imediatamente.

O MEU RIO GRANDE.


Descobri decepcionado que o meu Rio Grande não é tão grande assim, quando comparado com outros rios. Só na Amazônia há uns dez maiores. O próprio Rio Grande, que separa o México dos EUA, é muito mais longo e provavelmente mais volumoso em média. Aliás,  é incrível a falta de criatividade do povo na denominação dos rios. Vejam a quantidade de rios com o nome de Turvo. De Verde. Pardo. Preto. Dourados. Cachoeira. Cachoeirinha. Capivari. Mas pomposo é o nome do corgo que banha o povoado de Mirantão, no coração da Mantiqueira: Rio da Prata. Sendo que é muito barulhento de corredeiras, ao contrário do homônimo portenho. Mas a decepção maior vem por conta da pendenga entre o Rio Grande e o Paranaíba. Segundo os mapas, esses dois rios se juntam para formar o Rio Paraná. O Rio Paranaíba é mais curto que o Rio Grande, mas deve ter maior volume d’água na foz, pois drena uma bacia muito maior. E alguns geógrafos advogam a ideia de que o Paranaíba é o próprio Paraná. Nesse caso, o Rio Grande seria apenas um afluente! Isso é quase insuportável às minhas crenças imorredouras. E qual o melhor critério para estabelecer o tamanho de um rio: a distância do percurso ou o volume d’água? (se for o volume d'água, medido onde? Porque nem sempre o volume d'água na foz é o maior de um rio, sabiam? E sempre lembrando que os rios Grande e Paranaíba não têm mais foz. O lago de Ilha Solteira cobriu tudo).  O fato é que, frias considerações à parte,  e independente de qualquer parâmetro, o meu Rio Grande é realmente muito grande. É o rio mais grande da minha aldeia. 

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