AJUSTAR A DIVISA SP/MG
Aqui, no caso, SP seria a oeste (esquerda). O Rio em Piedade, quase no final do primeiro trecho, em que ele corre no sentido sul-norte. |
Se eu fosse
mais pernóstico bairrista chauvinista, reivindicaria todo o território ao sul
do Rio Grande para São Paulo. Até a nascente, lá perto de Resende, Rio de
Janeiro. (e se isso tivesse qualquer importância, eis que no Brasil a Federação é apenas teórica, não tem sentido prático. Ex.: os estudantes de Mirantão MG estudam em Visconde de Mauá RJ, sem qualquer burocracia). Tive essa ideia quando estava caminhando entre São João Batista do
Glória e a MG-050, ao norte do rio, nas bordas da Serra da Canastra, onde nasce
o São Francisco. Eu olhava para a outra margem do rio, e não me acostumava com a
ideia de que lá ainda era Minas e não São Paulo. Porque, para mim, do noroeste
paulista, Rio Grande é sinônimo de divisa entre SP e MG. E aquele povo todo
falando mais caipira que os mais legítimos caipiras de Tietê e Piracicaba? O
sul de Minas é paulista. Na hora do vamovê, da precisão, todos correm pra São
Paulo e não pra Belo Horizonte. E veja se a soma de palmeirenses, santistas,
corintianos e sãopaulinos não é maior que a de atleticanos e cruzeirenses e
americanos. No mínimo, essa nova disposição territorial restabeleceria a
política do café com leite. Pois do jeito atual, Minas está com o café e com o
leite.
A
ALIMENTAÇÃO TÍPICA DO ANDARILHO.
Nunca tive a
paciência de calcular quantas calorias se gasta pra caminhar 50 Km num dia,
carregando 12 Kg nas costas, subindo e descendo morros. Mas sei bem o quê e
quanto se precisa comer para não faltar nem sobrar (eis que entrei e saí com o
mesmo peso dessa empreitada). Pela manhã, um copo grande de leite com café
quente e dois pães com manteiga. Ao longo do dia, 3 sanduíches de mortadela,
levados para comer no caminho – comendo e andando, bem distribuídos no período.
Ao final do dia, comida caseira completa, arroz, feijão, etc. Em algumas
situações, isso se invertia. Almoço completo e sanduíches no jantar,
especialmente quando ia dormir na barraca. E água a toda hora. Cerca de 4
litros por dia, variando conforme o calor e a sudorese. Quando tinha
oportunidade, comprava alguma banana pra comer imediatamente.
O MEU RIO
GRANDE.
Descobri
decepcionado que o meu Rio Grande não é tão grande assim, quando comparado com
outros rios. Só na Amazônia há uns dez maiores. O próprio Rio Grande, que
separa o México dos EUA, é muito mais longo e provavelmente mais volumoso em
média. Aliás, é incrível a falta de
criatividade do povo na denominação dos rios. Vejam a quantidade de rios com o
nome de Turvo. De Verde. Pardo. Preto. Dourados. Cachoeira. Cachoeirinha.
Capivari. Mas pomposo é o nome do corgo que banha o povoado de Mirantão, no
coração da Mantiqueira: Rio da Prata. Sendo que é muito barulhento de
corredeiras, ao contrário do homônimo portenho. Mas a decepção maior vem por
conta da pendenga entre o Rio Grande e o Paranaíba. Segundo os mapas, esses
dois rios se juntam para formar o Rio Paraná. O Rio Paranaíba é mais curto que
o Rio Grande, mas deve ter maior volume d’água na foz, pois drena uma bacia
muito maior. E alguns geógrafos advogam a ideia de que o Paranaíba é o próprio
Paraná. Nesse caso, o Rio Grande seria apenas um afluente! Isso é quase
insuportável às minhas crenças imorredouras. E qual o melhor critério para
estabelecer o tamanho de um rio: a distância do percurso ou o volume d’água? (se for o volume d'água, medido onde? Porque nem sempre o volume d'água na foz é o maior de um rio, sabiam? E sempre lembrando que os rios Grande e Paranaíba não têm mais foz. O lago de Ilha Solteira cobriu tudo). O fato é que,
frias considerações à parte, e
independente de qualquer parâmetro, o meu Rio Grande é realmente muito grande.
É o rio mais grande da minha aldeia.
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