A FERROVIA QUE TRANSPORTA MINAS PARA O JAPÃO.
Viaduto da Ferrovia do Aço sobre o varjão do Rio Grande, próximo a Bom Jardim de Minas. |
Na faina do trânsito não havia escutado. Mas no
silêncio do quarto do hotel, em Bom Jardim, ouvi o som de uma poderosa buzina.
Buzina de trem, a mesma do trem que passava perto da minha casa, quando eu era
adolescente. E essa buzina toca a noite inteira e o dia inteiro. Em Carrancas é
o sino da igreja; em Bom Jardim é a buzina do trem. Só no outro dia foi que vim
a descobrir que por ali passava a Ferrovia do Aço – a ferrovia do minério de
ferro -, e as buzinas vinham dos trens que manobravam na estação próxima.
Não me informei pela internet não. Perguntei a um
passante, enquanto estava debaixo do viaduto da ferrovia que passa sobre o Rio
Grande, vendo um trem de 120 vagões passar. Ali perto há um túnel de quase
10Km. A linha é única, o trem tem mais de mil metros. As estações nada mais são
que enormes pátios de manobra para permitir o cruzamento de trens que vão e que
vêm.
E o trem só transporta minério de ferro. O trem
transporta Minas para o Japão. Aos poucos. Quebram as montanhas de Minas em
pedras britadas, enchem os vagões a granel e levam até os navios. No Japão elas
são transformadas em aço. Pedra mineira, aço japonês. A esperança dos mineiros
é que descubram a tempo um material alternativo ao aço. Senão, não demora e
Minas será uma desolada planície de crateras. Então me lembrei da polêmica que
envolveu a construção dessa ferrovia, por volta dos anos 1980, com a censura à
imprensa enfraquecida por causa da ditadura já capenga. E foi inevitável a
comparação com a ferrovia do império, em cujo leito abandonado eu caminhava,
indo para Liberdade. É muito custoso construir ferrovias.
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